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10 setembro 2013

Viver com medo

Desde que tivemos nosso apartamento invadido mudei alguns hábitos, mas continuei com a vida. Vivendo. Deixei de chegar muito tarde em casa pois morava no centro e como todos os “centros” eles são perigosos.



Mudamos em maio e minha mãe dizendo que aqui seria melhor, tudo mais fácil, inclusive pra ela. Balela! As coisas aqui são bem mais complicadas e distantes. Mas continuo saindo, vivendo e chegando cada vez mais cedo em casa. Prefiro chegar ainda com o dia claro, mas quando não é possível. Fazer o quê? Preciso.

Até bem pouco tempo meus vizinhos deixavam suas grades abertas. Quando saia cedo elas já estavam escancaradas. Quando chegava à noitinha a mesma coisa. Viviamos como no paraíso, Mas você já parou pra pensar que o medo muda as pessoas?



Faz poucas semanas acordei aos gritos de um homem que dizia entre outras coisas:”...socorro; chama a polícia; tô sendo assaltado...”, seguido de batidas, chutes e socos em algo que parecia ser uma porta. Não passava muito das 3h da manhã. Meu corpo tremia, olhos lacrimando, sem ação, pois não sabia de onde vinham os gritos que logo pararam.

Que medo. Mataram o homem!. Não. Nada disso. Vizinhos mais próximos dele conseguiram soltá-lo. Foi um assalto mesmo. Sorte não terem feito nada com o coitado. Perdeu algumas coisas, mas ficou com a vida.

Ter a casa invadida nos dá uma sensação de fragilidade. Estamos indefesos, vulneráveis.

Faz quase 1 mês a polícia prendeu marginais nas dependências de nosso condomínio. Neste dia também fui acordado na madrugada, só que desta vez quem gritava eram os policiais ordenando que os intrusos saíssem.

Isso tudo fez as pessoas mudarem seus hábitos. As grades já não ficam mais abertas ao amanhecer e muito menos ao anoitecer. Estamos providenciando mais grades para as janelas. Cadeados fecham nossas portas, portas e portões do condomínio agora ficam chaveadas (coisa que deveria acontecer sempre).

Já disse outras vezes que somos obrigados a nos privar da liberdade para termos o mínimo de segurança. E ainda assim ver ou ouvir vizinhos sendo atacados por bandidos.


Se tenho medo? Claro que tenho, mas como disse lá no início, não pretendo deixar de viver.



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